Tempo de recomeço
Iniciar novos desafios sempre mexe com a gente: ansiedade, euforia, alegria e um pouco de insegurança..., sentimentos comuns nesse momento. E com a turma do 2º ano não foi diferente, começamos o ano de 2012 nessa mistura de sensações e emoções.
O primeiro dia de aula foi assim: chegamos à escola e nos dirigimos para a Casa Azul, onde só os grandes estudam - uma nova professora e dois novos amigos -, fomos recebidos com muito carinho pela professora, e na roda de conversa ficamos conhecendo o Rafael, um amigo que veio de outra escola para fazer parte do nosso grupo, e a Ana Júlia, prima do amigo João Pedro, que veio dos Estados Unidos para morar aqui no Brasil. Ah! teve também o Charbel, que estudava a tarde e passou para o período da manhã. Pronto! Nossa turma estava formada, um grupo de crianças curiosas, criativas e dispostas a aumentar suas experiências e vivências.
A escola preparou uma semana bem tranquila para receber cada um de nós, com tempo para brincar, conversar e nos conhecer melhor. Assim é nossa escola: um espaço que respeita o nosso tempo e nos oferece a oportunidade de aprender, crescer e conviver com pessoas muito especiais. Com certeza, a frase de Caetano Veloso cai bem para nossa escola: “o melhor lugar é ser feliz!”
Texto e arte de Millena Lopes Nogueira
Em uma de nossas leituras compartilhadas, a professora trouxe um livro chamado Flora, do autor Bartolomeu Campos de Queirós; uma beleza de conto! Com palavras tornadas poesia, Bartolomeu narra ali a semente, a folha, a árvore, o nascimento, o crescimento, a morte e o recomeço.
Na roda de conversa, a professora compartilhou com a gente a morte do Bartolomeu. Ela disse que ele havia falecido na madrugada do dia 16 de janeiro. Ele estava internado em um hospital, tinha ido fazer uma hemodiálise, isto é, um tratamento que pessoas que tem problema nos rins precisam fazer. Então ele faleceu.
Nós ficamos entristecidos, mas a professora sugeriu então que fizéssemos uma homenagem ao poeta, lendo suas poesias, seus contos, suas narrações, enfim, conhecendo mais seus livros. A professora disse que um escritor como o Bartolomeu não morre jamais, ele se torna eterno por meio de suas obras. Tudo o que ele escreveu jamais será esquecido nem apagado pelo tempo.
Nossa turma estava cheia de perguntas e muitas curiosidades, todos queriam saber mais sobre o escritor encantador de passarinhos e crianças há muito tempo e que agora havia partido.
_Onde e quando ele nasceu?
_Quantos livros ele escreveu?
_Ele já saiu do Brasil?
_Ele tinha filhos?
_Era casado?
_Quando e por que ele começou a escrever?
_Por que escreve tanto sobre pássaros e voos em suas obras?
Calma, crianças!! Em meio a tantas perguntas, organizamos uma pesquisa, cada dupla foi pesquisar e trazer a resposta para compartilhar no dia seguinte. E assim, curiosos, saímos em busca de informações, afinal, são as perguntas que movem o mundo.
No dia seguinte, mais uma leitura compartilhada. Dessa vez a professora trouxe o livro “Nascemos livres - A declaração Universal dos direitos humanos”, e mais uma vez ficamos encantados com a beleza do trabalho de Bartolomeu.
Na roda de conversa fomos compartilhar nossas descobertas, havíamos conseguido as respostas para nossas perguntas. Descobrimos que Bartolomeu nasceu em Papagaio, uma cidade do interior de Minas Gerais, no dia 25 de agosto de 1944. Durante sua carreira ele escreveu mais de 40 títulos. Viajou muito pelo Brasil e para fora dele também. Não era casado, nem teve filhos. Começou a escrever observando as anotações que seu avô fazia nas paredes de sua casa. Bartolomeu faleceu aos 66 anos, deixando de presente para o mundo sua bela literatura e a paixão de nossas crianças por esse grande escritor.
Veja o relato do aluno Eduardo:
“O Bartolomeu, para mim, é um grande artista, muito famoso, penso em coisas lindas e lembro do Bartolomeu. Mas ele faleceu no dia 16 de janeiro, eu não tive como falar pra ele o quanto ele escreve bonito. Eu gosto muito dele, as poesias são realmente muito bonitas, e vão ficar para todos da Terra ler, e assim ele vai ficar ainda mais famoso.”
Com a chegada do dia do nosso recital, veio a ideia de homenagear o Bartolomeu declamando suas poesias. A professora sugeriu o poema “Mário”, em que o autor brinca com o nome desse menino poeta, e pegando carona na cauda de cometa do poeta nós também brincamos com o nosso nome, descobrimos junto aos familiares o que significa o nosso nome e quem o escolheu etc. Ficamos felizes em compartilhar um pouco da nossa história de vida com nossos amigos.
Ensaiamos muito, memorizamos a poesia com empolgação. O Pedro foi o primeiro a conseguir decorar tudo. Tudo isso foi razão de alegria e motivação para todos nós, e até a professora decorou a poesia.
O grande dia chegou e nossas famílias estavam presentes para compartilhar conosco mais um momento especial em nossas vidas. A turma do 2º ano deu um “show” com a poesia na ponta da língua, e mais uma vez naquele momento ficamos emocionados:
“...o recital foi muito legal, eu fiquei emocionado” (Bruno)
“Eu não senti nada, só fiquei com um frio na barriga porque eu não tinha decorado o final do poema.” (Rafael)
“Foi uma coisa muito boa conhecer um pouco mais sobre o Bartolomeu.” (Luana)
“Eu senti uma emoção muito grande, era como se eu tivesse ouvindo a voz dele, falando com a gente.” (Ana Beatriz)
“Eu fiquei muito feliz em homenagear o Bartolomeu.” (Millena)
“Eu senti muita felicidade, porque as poesias do Bartolomeu são inspiradas na natureza.” (Charbel Filho)
“Eu acho que o Bartolomeu, lá do céu, ficou feliz em ver a gente aqui na terra declamando as poesias dele.” (Pedro)
“Eu senti uma alegria que veio para dentro do meu corpo e nunca mais vai sair.” (Eduardo)
“Eu fiquei muito emocionado, como se o Bartolomeu tivesse perto da gente.” (João Pedro)
“Eu achei muito importante falar do Bartolomeu, parecia ouvir a voz dele.” (Ana Júlia)
Relatório elaborado pelos alunos do 2º ano “A” e professora Ana Paula